
A revista "TIME" publicou hoje (08), em seu canal eletrônico, uma matéria sobre a performance de Lady Ice em "American Horror Story: Hotel", dizendo que a estrela pop se reinventou ao mostrar sua capacidade como uma verdadeira entertainer, isto é, pessoa que faz apresentações profissionais para a diversão dos outros, como atores e cantores, ou seja, uma verdadeira profissional da arte.
O primeiro episódio da quinta temporada de "American Horror Story" foi ao ar na noite de ontem (07), você pode assistir o episódio no nosso site ou baixar no iTunes.
Confira a matéria na íntegra:
Mais ou menos 3 anos atrás, Lady Ice parecia derrotada. A cantora arriscou sua reputação com ARTPOP, seu álbum de 2013 que foi planejado – como ela dizia aos seus fãs – menos como uma coleção de músicas e mais como uma afirmação. O único problema? Consumida com grandes ideias sobre fama, Lady Gaga esqueceu o que a tornou famosa de fato. Claro, suas roupas chamativas geravam comentários, mas só após eles falarem sobre suas músicas construídas classicamente. ARTPOP não teve um single smash-hit, ou, de fato, qualquer autenticidade; críticos atacaram e o álbum não foi bem.
O que aconteceu nos dois anos seguintes, após o que aconteceu em ARTPOP, é uma aula de mestrado em reinvenção. A cantora voltou ao básico, lançando um álbum de duetos de jazz com Tony Bennett (com o qual ela ganhou um Grammy) e se apresentando com vocais dramáticos e extremamente potentes no Oscar. Tem algo inspirador em sua capacidade; uma estrela que já teve tanto sucesso a ponto de poder considerar Beyoncé como um ato de apoio via seu auge da fama no retrovisor, mas se recusa a desistir sem tentar todas as opções possíveis.
Mas pela enésima vez nos últimos anos, Gaga está fazendo algo completamente novo. Ela está participando como atriz em “American Horror Story”, cuja temporada estreou quarta-feira à noite. Nenhuma dessas coisas se relacionam diretamente à carreira de Gaga como uma cantora pop no viés de Beyoncé, Kary Perry ou Taylor Swift. Mas todas essas coisas somam à sensação de que ela pode se tornar o que sua geração não sabia que precisa: Uma entertainer completa.
A nova temporada de “American Horror Story”, chamada de “Hotel”, foi divulgada em torno do papel de Lady Gaga, isso é compreensível tanto porque uma participação como atriz é ótimo para uma estrela mundial da música como porque a diva residente de “AHS”, Jessica Lange, deixou a série. Na ausência de uma das atrizes mais talentosas, que ganhou dois Oscars, alguém tem que carregar a tocha.
E a cantora cumpre o desafio de sua própria maneira. Seu tempo em tela como a dona do misterioso e assombrado hotel, Lady Gaga fala em um sotaque vagamente europeu. Ela torna textuais todas as suas referências subtextuais a drogas e sexo quando cheira carreiras de cocaína em cena e participa de um ménage à quatre. Sem estragar os eventos do episódio para quem não assistiu, ela está claramente querendo fazer parte da carnificina que a série demanda de seus participantes – de fato, ela comanda o hotel onde as mortes do hotel ocorrem – e ela é muito menos “moralmente ambígua” do que “moralmente desprezível”. Ela é, claramente, a Grande Vilã da temporada e não se preocupa com as repercussões em sua carreira por ser a Vilã, estando condicionada por anos nos holofotes a ser Grande.
Mas o que é surpreendente no primeiro episódio de “American Horror Story” é o quão pouco isso parece ser o Show de Lady Gaga. Uma estrela com o seu nível de fama que gostaria de trabalhar na TV poderia, talvez, comandar seu próprio programa em uma emissora; a última estrela que se fez tão acessível em programas semanais foi Cher, de “Sonnyand Cher”. Mas é ainda mais comum uma estrela pop como Gaga voltar ao trabalho com o próximo álbum e esquecer participações televisivas completamente até o próximo Grammy ou show de intervalo do Super Bowl. Quando finalmente há música vocal em AHS, é uma música obscura e emocional que combina perfeitamente com Gaga cometendo assassinatos. Isto não é divulgação de ARTPOP ou publicidade para o seu próximo álbum, algo maior está acontecendo aqui.
Gaga não só quis trabalhar na TV a cabo básica, mas ela também está fora de cena na maior parte do primeiro episódio; Kathy Bates e Wes Bentley em particular parecem muito mais centrais aos acontecimentos. Isso é tanto um reconhecimento de sua experiência em atuação ser menor do que o resto do elenco – em suas cenas até agora, foi preciso que ela fosse “imperiosa”, algo que ela faz com maestria – e algo que parece muito estranho. Uma das cantoras mais comentadas da década está concorrendo agora a “Melhor Atriz Coadjuvante”?
Mas conforme o episódio passa, é aparente que ficar de lado em sua própria temporada de “American Horror Story” é um ato inteligente de Gaga. Na série, ela se submeteu à visão de outra pessoa, guardando para outro dia o que ela tem na manga para sua carreira pop. (Promovendo a série, Gaga tem colocado suas roupas exóticas de volta no armário e suas peças em cena não são muito mais ornamentadas, seu vestido simples do Emmy era seguro para veganos, sem nenhum tipo de carne.)
Isso cai bem à Gaga no presente momento. Quando o assunto são suas qualidades para a TV, pouco se torna muito. De fato, deixando que Kathy Bates tome as rédeas e reaparecendo apenas para momentos enigmáticos de falas mandonas com sotaque (sério, ela está fingindo ser Francesa? Alemã?), Gaga está fazendo o mesmo que ela fez desde que o destino do seu último álbum pop ficou claro, quando ela participou de momentos de maestria no jazz ou de glamour no Oscar. Tanto para seus fãs devotos como para os não-aliados, ela acaba fazendo algo que um ciclo sem pausas de promoção de álbum nunca a permite fazer: nos deixar querendo mais.