TRADUÇÃO: ENTREVISTA DE LADY ICE PARA A NOVA EDIÇÃO DA REVISTA BILLBOARD

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015



Em entrevista à revista "Billboard", Lady Ice conta o seu plano para ajudar adolescentes com problemas.


“Eu sofri de depressão e ansiedade minha vida toda,” diz o ícone pop que têm usado sua própria experiência (e inspiração de Elton John), para ajudar jovens excluídos com a sua "Born This Way Foundation."

Jamey Rodemeyer, foi um fã gay de Lady Ice do estado de Nova Iorque. Por sofrer bullying pela sua sexualidade, o jovem de 14 anos se tornou um tipo de ativista online contra o assédio, filmando até um vídeo, o "It Gets Better" (Vai ficar melhor). Então, em 18 de setembro de 2011, ele tweetou para Gaga antes de tirar sua própria vida: “Tchau, Mother Monster. Obrigado por tudo o que você fez.”


Jovens como Rodemeyer mexeram com Ice, 29, para criar a "Born This Way Foundation", sem fins lucrativos, determinada a mostrar a jovens desfavorecidos que eles não estavam sozinhos – a própria estrela pop discutiu abertamente suas lutas com a depressão. “Tantos jovens estavam dizendo, ‘Como você fez, Gaga?’” diz sua mãe, Cynthia Germanotta, 61, que é a presidente da fundação. “Como você superou os problemas que teve?”


A "Born This Way Foundation", primeiramente patrocinou o "Born Brave Bus Tour", um centro temporário de recursos que atraiu 150 mil visitantes em 2 anos. Mais recentemente, a fundação mudou seu foco para o apoio igualitário e iniciativas preventivas, incluindo pesquisa em saúde mental e na juventude em uma parceria com o Centro de Inteligência Emocional de Yale, e numa futura colaboração com a "Elton John AIDS Foundation", que logo será anunciada.

O novo single de Ice, "Til It Happens To You", também apoia essas missões. Lançado dia, 18 de setembro, em uma colaboração com o documentário sobre estupro em campus universitários de 2015, "The Hunting Ground", a balada devastadoramente pessoal chama atenção para o assédio sexual que a artista sofreu quando tinha 19 anos. “Nós não temos que ser vítimas,” diz Gaga. "Se compartilharmos nossas histórias e ficarmos juntos, somos mais fortes.”



Acompanhe a entrevista publicada nesta edição da revista:


Por que você criou a "Born This Way"?
Essa fundação nasceu dos anos que gastei vendo meus fãs crescerem. Muitos deles eram bem jovens, 11 a 17 anos, em tempos muito tumultuados. Eles me contavam suas histórias -  e muitas delas eram bem sombrias. Quando comecei a ver eu mesma neles, eu senti que tinha que fazer algo que lembraria os jovens que eles não estavam sozinhos. Quando eles se sentem isolados, é isso que leva ao suicídio.
Quando você ouve as histórias desses jovens, qual é problema fundamental?
Depressão e ansiedade os ligam. Há algo sobre a forma que nós somos agora, como nossos celulares e não estando no momento com o outro, que faz os jovens se sentirem isolados. Eles leem toda essa linguagem de extremo ódio na internet.
A internet é um banheiro. É mesmo. Costumava ser uma fonte fantástica - ainda é, de certo modo – mas você tem que procurar por toda a merda pra achar as coisas boas.
Esses jovens só querem se sentir humanos, mas se sentem como robôs. Eles não entendem porque são tão tristes. Há razões científicas, as quais a fundação pesquisa, do porque você se sente triste quando olha para seu celular o dia todo. Eu sofri de depressão e ansiedade minha vida toda – eu ainda sofro todos os dias – e eu quero que esses jovens saibam que a profundidade que eles sentem como humanos é normal. Essa coisa nova, onde todo mundo se sente superficial e menos conectada? Isso não é humano.
O que te dá mais orgulho na Born This Way?
Quando eu vejo as amizades que esses jovens construíram. Quando eu vejo uma criança com distúrbio alimentar sentada com alguém que tem uma doença terminal e alguém que está na transição – isso me faz sentir que estamos fazendo algo que ninguém mais está. Esse é o propósito da minha vida, essa fundação.
Sua pessoa recentemente se tornou mais tradicional. Como você pode ainda ser uma voz para os excluídos quando você está glamurosa?(risos)
Há sempre essa divisão dentro de mim. Se você me ver vestida bem fora do padrão, eu tendo a ser
autodepreciativa. Quando eu me visto como uma lady, eu costumo me sentir bem selvagem e confiante. Isso soa bizarro, mas eu faço muita coisa quando estou com o cabelo loiro. Eu não mudei. Só que eu tenho quase 30 anos. Estou aprendendo a funcionar efetivamente em sociedade.
E a fingir seguir as regras?
Na verdade, não. As pessoas esperam que eu apareça fazendo algo málico. A verdade é: eu faço o que eu quero e quando quero. Agora, eu quero ajudar jovens a se unirem e serem amigos. Se eu precisar conseguir a atenção do presidente – o que quer que eu tenha de fazer – eu vou conseguir.
Você conheceu o presidente Obama em 2011 para falar sobre o bullying nas escolas. O que você aprendeu?
Que ele realmente e profundamente se importava. Eu tenho notícias da Valerie Jarett (Conselheira sênior da Casa Branca) o tempo todo. Até com “Til It Happens To You”, Valeria disse: “O vídeo foi difícil de assistir, mas eu gostei do quão forte [a mensagem] foi.” Isso é outra coisa que a Born This Way faz: sobreviventes de estupro, sobreviventes de abusos vêm até nós. Eu conheci muitos jovens que foram abusados sexualmente.
Qual foi o significado pessoal de gravar “Til It Happens To You”?
Nunca foi tão alto quanto desta vez. É difícil ouvir esta música, é difícil assistir ao vídeo. Diane Warren (co-escritora), realmente segurou minha mão. Foi bem catártico saber não apenas que não estou sozinha, mas que outros homens e mulheres não estão sozinhos – nós todos temos uns aos outros. Até fora da cultura do estupro, há muitas pessoas sofrendo caladas por causa de outras coisas traumáticas.
Você chorou algumas vezes enquanto gravava?
Ah, sim, o tempo todo. Eu e Diane nos abraçando. Os vocais na música, eu estou chorando o tempo todo. A parte mais difícil para mim foi a autoaceitação. Há uma impossibilidade de aceitar a si mesmo, “Não apenas isso aconteceu, mas eu estou muito f*dida por causa disso.” E ninguém sabe como você se sente. Eu não contei a ninguém [sobre o meu estupro] por anos porque eu não disse a mim mesma por anos.
Você é muito próxima a Elton John. Como ele influenciou Born This Way?
Ele me inspira de modos que eu não posso começar a listar de fato. Ele é meu amigo; ele é como um pai. Ele estava lá para mim durante os períodos mais difíceis da minha vida. Tudo que ele fez pela AIDS, tudo que ele fez pela comunidade LGBT – ele tem tudo. Quando estou com ele, eu só quero fazer parte do seu plano genial de salvar o mundo.
Tradução: Adrielle Machado e Daniel Corzo
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